[…] Nossa Filosofia Espiritualista, filha das Forças Superiores, sua joia predileta, que a nós foi confiada para sua divulgação na Terra, deve ser divulgada, deve ser explanada, deve ser respeitada e obedecida por aqueles que na Terra se dizem seus instrumentos, e o devem ser de fato […]
- Luiz Alves Thomaz

Luiz Alves Thomaz - Por Othon Ewaldo - terceira parte

Aos 8 de dezembro de 1931, desaparecia dentre os vivos Luiz Alves Thomaz.

Para muitos, fora, apenas, o passamento dum negociante respeitado pela sua maneira correta de proceder e pelos recursos que acumulara em sua longa vida de negócios.

Para seus amigos íntimos, era uma perda irreparável.

Porque com ele desaparecia o conselheiro e orientador, o homem de atitudes simples, mas de personalidade inconfundível, de quem irradiava um misterioso poder de mando, sem arrogâncias, de domínio, sem subalternos, de senhor, sem vassalos, de ascendência, sem hierarquias, que marcam as vidas de escol.

Na verdade, mesmo na aparência, Luiz Alves Thomaz era um simples.

Ao vê-lo, ninguém diria achar-se na presença dum milionário, possuidor de tantas terras e cafezais de perder de vista, mas para quem o dinheiro pouco valia e que só reconhecia o valor dum capital na Terra – o trabalho!

Luiz Alves Thomaz foi um grande lutador. A sua vida de trabalhos e canseiras, consumiu-a entre seu escritório em Santos e suas fazendas de café no interior do Estado de São Paulo.

Percorrendo-as, sentia-se feliz por estar em contacto com os modestos colonos, participando de suas vidas sem sobressaltos nem preocupações, gozando o bucolismo do nosso interior, onde as existências são tranquilas como os sertões que lhes servem de cenário.

Quando abriu-se o testamento de Luiz Alves Thomaz, simples como fora toda a existência do grande batalhador, desvendou-se aos que não o conheciam na intimidade toda a grandeza do seu amor ao próximo.

Grande parte de seus haveres, destinava-os a instituições de beneficências de Santos, São Paulo e Rio.

Repartia entre as casas que cuidavam dos necessitados, dos desamparados, dos sem família, sem teto e sem pão, o que em sua vida, sem luxos nem ostentações, tinha amealhado, evitando vícios, desprezando o supérfluo, fugindo às vaidades.

Vinte anos depois do seu desaparecimento, os órfãos e deserdados que se alfabetizam nas escolas custeadas com o dinheiro deixado por Luiz Alves Thomaz, veneram sua memória, cultuada, nesta capital, no Centro Redentor, do qual o saudoso filantropo foi um dos fundadores e onde deixou exemplo marcante de que só com o trabalho, perseverança e honestidade se consegue vencer neste mundo de misérias.