[…] Nossa Filosofia Espiritualista, filha das Forças Superiores, sua joia predileta, que a nós foi confiada para sua divulgação na Terra, deve ser divulgada, deve ser explanada, deve ser respeitada e obedecida por aqueles que na Terra se dizem seus instrumentos, e o devem ser de fato […]
- Luiz Alves Thomaz

Jornal A Razão, 100 anos de circulação

Jornal A Razão - 100 ANOS
O ideal que motivou Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz a fundar o Racionalismo Cristão, em 26 de janeiro de 1910, foi o mesmo que os incentivou a publicar o jornal A Razão, a partir de 19 de dezembro de 1916.

Enquanto a doutrina racionalista cristã, como filosofia espiritualista que trata da evolução do espírito através do raciocínio e da razão, era codificada por Luiz de Mattos e começava a ser praticada nas duas primeiras casas racionalistas cristãs construídas por Luiz Alves Thomaz – a Filial-Berço, na cidade de Santos, e a Casa-Chefe do Racionalismo Cristão, na cidade do Rio de Janeiro, e hoje são 176 verdadeiras escolas espiritualistas implantadas em países das Américas, da África, da Europa e na República de Cabo Verde – os dois diletos amigos perceberam que os fundamentos filosóficos da Doutrina precisavam ser divulgados de forma mais ampla, fora dos limites geográficos das casas racionalistas cristãs já existentes, de modo a "falar à consciência dos homens e para repetir-lhes, todos os dias, que o progresso humano só reside no bem e na verdade espiritualista", nas palavras do mestre Luiz de Mattos.
Casa Berço RC - 100 Anos

Luiz José de Mattos e Luiz Alves Thomaz idealizaram um jornal que seria o porta-voz do Racionalismo Cristão, um jornal que clamaria pela moralidade dos costumes, pelo bem-estar coletivo e pela transparência no trato com os negócios e interesses do Estado, um diário que iria ao encontro dos anseios populares, dizendo ao povo o que ele precisava saber, "ora com calma, com serenidade, com frieza, ora com violência, com impiedade, com escândalo mesmo (Luiz de Mattos)", de modo a formar uma opinião pública com diretrizes espiritualistas, que consideravam papel primordial da imprensa noticiosa sadia, independente e crítica, sem filiação a qualquer partido ou grupo político.

Fundado inicialmente com a firma social denominada Sociedade Anônima A Razão e hoje registrado como Empresa Jornalística A Razão Ltda., o Jornal A Razão circulou no período de 1916 a 1921, impresso em parque gráfico adquirido por seu principal sustentáculo financeiro, Luiz Alves Thomaz, que foi presidente do novo diário do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, tendo Luiz de Mattos como tesoureiro e Francisco Pereira, seu secretário de redação.
A Razão dispôs inicialmente do talento profissional dos jornalistas Joaquim Campos, Crisóstomo Cruz, Pizarro Loureiro, Miranda Rosa, Manoel Duarte e Joaquim Mello, igualmente grandes intelectuais da época, e com Luiz de Mattos e sua às vezes temida coluna "Nota", na qual abordava os assuntos cotidianos com seu habitual brilhantismo, sendo implacável com os maus administradores e os políticos demagogos e sempre atento no combate à corrupção e à desonestidade. Por isso, era aclamado pelo povo, por lhe melhorar o entendimento dos fatos, aclarando as ideias.

Nos cem anos de existência, o jornal A Razão sempre teve inúmeros e também brilhantes articulistas, e proeminentes diretores de redação: Emir Nunes de Oliveira, João Baptista Cottas, Nélson Nunes de Oliveira, Orlando José da Cruz, Joaquim Pereira da Costa, Clecy Ribeiro e João Baptista Cotas Gomes, contando nos últimos 18 anos com o jornalista João Batista Antunes, responsável pela elaboração de artigos, revisão dos textos e edição.
A improbidade de determinada pessoa, a quem Luiz de Mattos confiara a administração do jornal – cujo nome o mestre espiritualista e humanista nunca mais pronunciou, sentimento que sempre iremos respeitar – fez com que A Razão parasse de circular em 30 de julho de 1921.

Voltou a ser editado como jornal quinzenal em 8 de dezembro de 1937, sob a direção do advogado Emir Nunes de Oliveira, amigo pessoal do então presidente do Racionalismo Cristão Antonio Cottas.
Foi por pouco tempo. A repressão da ditadura Vargas fechou A Razão, agora por causa das críticas que fazia ao governo. Extinto o nefasto getulismo, o jornal voltou a circular, já então mensalmente, em 8 de dezembro de 1949, ainda sob a direção de Emir Nunes de Oliveira, chegando aos nossos dias como porta-voz impresso da comunidade racionalista cristã.

Sem nos preocuparmos com a cronologia dos acontecimentos, são incontáveis as bandeiras defendidas pelo jornal A Razão nos cem anos de existência.

Jornal A Razão
100 ANOS
Enquanto jornal diário, destinou uma de suas páginas ao movimento voltado para o proletariado, defendendo as primeiras reivindicações na área trabalhista e no campo da previdência social, que vieram posteriormente a se consubstanciar em leis.

Com o prestígio da coluna "Nota", Luiz de Mattos aconselhou governantes e ministros, deu opiniões abalizadas às mais altas patentes das Forças Armadas brasileiras, tendo o A Razão participado da cobertura da Primeira Guerra Mundial, enviando ao front um repórter especializado.

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A Razão enalteceu a magnitude da obra do grande sanitarista brasileiro Osvaldo Cruz no momento em que era criticado pelo combate sistemático às epidemias que se alastravam pelo Brasil, particularmente varíola e febre amarela no Rio de Janeiro.

O jornal defendeu as colônias japonesa e alemã radicadas em território brasileiro ao contestar a forma abominável com que foram tratadas na Segunda Guerra Mundial, considerando ser isso inaceitável por parte de uma nação respeitadora dos direitos humanos, como é a brasileira, ao virar as costas para esses povos trabalhadores que gozavam, e sempre irão gozar, dos mesmos benefícios deferidos aos brasileiros natos.
Jornal A Razão
100 ANOS

A Razão foi o primeiro jornal brasileiro a instituir o direito de resposta, cedendo suas páginas às pessoas que se achassem ofendidas por algum fato publicado e por elas considerado desabonador no plano moral ou material para se defenderem, adotando antecipada e espontaneamente o que viria a ser lei posteriormente.
A Razão foi sustentáculo no debate a respeito do divórcio ao dar espaço em suas páginas para os pontos de vista a favor e contra sua adoção no Brasil, muito antes da possibilidade de a dissolução do vínculo matrimonial ser transformada em lei.

Nas aspirações que a juventude acalentava ao reivindicar universidade pública de qualidade, em confronto com a visão governamental de que os movimentos juvenis eram influenciados por um novo sistema social, político e econômico contrário ao existente no Brasil, A Razão aconselhou o diálogo sereno entre as partes, como meio hábil de se conseguir conquistas sólidas e duradouras, sem arroubos de ganho fácil.

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Em razão da postura sóbria e conciliadora de seus articulistas, algumas instituições de ensino foram inauguradas Brasil afora levando o nome de racionalistas cristãos ilustres, como homenagem reconhecida aos ensinamentos espiritualistas por eles expostos nas páginas do jornal A Razão.

Lembranças de tamanha magnitude não se restringiram apenas às fronteiras brasileiras. Em muitos países observou-se a expressão de carinho pela doutrina racionalista cristã e pelo Jornal A Razão, que contava, e ainda conta, com valorosos companheiros nos diversos países que abrigam filiais e correspondentes do Racionalismo Cristão. É um grupo de pessoas voltado para o bem do próximo que, mesmo longe da redação de A Razão, presta seu concurso na divulgação da Doutrina.

O bom jornalismo se fez presente também no combate ao racismo em nível mundial por ocasião do assassinato do líder religioso americano Mr. Martin Luther King Jr., na implantação do Estatuto da Mulher no Brasil, com textos apropriados de Maria Cottas em sua defesa, na queda do muro de Berlim, pondo fim à "guerra fria", assim denominado o estado de tensão beligerante que dominava o mundo.

Tudo relatado pelo informativo mensal do Racionalismo Cristão, com responsável posicionamento frente às necessidades prementes do povo e às conveniências de harmonização das coletividades, molas propulsoras dos mais originais sentidos da espiritualidade.

São esses fatos e tantos outros publicados que mantiveram o modelo idealizado por Luiz José de Mattos e Luiz Alves Thomaz, por eles concretizado, e por seus sucessores garantido desde a fundação até o centenário da primeira edição do Jornal A Razão, e que iremos sustentar nas edições futuras juntamente com nossos colaboradores e anunciantes, em respeito aos fieis amigos leitores, que nos prestigiam com sua mensal atenção.